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Histórias fílmicas que valham a pena. Fotos insignificantemente indispensáveis.

segunda-feira, dezembro 05, 2005


Em 2000, na Mostra de Cinema de São Paulo, numa tarde de domingo, eu assisti Billy Elliot, filme lindo do estreante Stephen Daldry que acertou em cheio nesse e errou na mosca no chato as Horas.
Mas o que chamou mesmo a atenção foi o Billy Elliot, mais que qualquer outra coisa do filme: quem era aquele moleque, aquele ator que dava aquele show na telona?
Nos créditos, Jamie Bell.
Depois desse filme, eu fiquei com medo do que aconteceria com ele, vistos tantos casos de porcarias que crianças brilhantes na estréia fazem depois por falta de direcionamento.
Mas Bell não se perdeu.
Fez poucas e boas coisas.
Fez Undertow, filme do ano passado que ficou em cartaz nos cinemas aqui acho que nem 2 semanas, bom filme, perdido na programação, com elenco bem bacana e direção firme.
Fez um clip do Green Day que mais parece um curta metragem, When September Ends, onde a história de um casal adolescente é entrecortada pela banda tocando e no final você quer mais saber do casal do que da música, lindo lindo!
Vai estar no aguardadíssimo King Kong do ano que vem, mas enquanto isso, ele é a estrela maior de Querida Wendy, o mais recente petardo dos dinamarqueses Thomas Vinterberg dirigindo e Lars Von Trier escrevendo.
Por esse filme, eu pensei em fazer um abaixo assinado pedindo para que esses dois diretores trabalhassem juntos e dessa forma, um escrevendo e o outro dirigindo daqui pra frente.
Trier ficou chato com a segunda parte da sua trilogia, Manderlay, que é igualzinho Dogville só que sem a chorona Nicolle Kidman, agora com a (outra) chorona Bryce Dallas Howard, que, apesar de boa atriz (mas chorona) é filha do mala Ron Howard, tadinha!
De qualquer maneira, Trier acertou na mosca nesse filme (anti) belicista, com um roteiro absolutamente enlouquecido e que no meio do filme me fez perder um pouco a sensação do que era certo e do que era errado (se é que existem o certo e o errado): numa cidade qualquer dos EUA, numa época qualquer, um bando de garotos perdidos (garotos são sempre perdidos, foi uma redundância intencional, para enfatizar) se une formando um clube fechado por suas paixões por armas de fogo.
E é claro que as coisas não acontecem como eles esperam, mais por acasos (destino, sincronicidade) do que por descuido (acaso, destino, sincronicidade também).
No final, o que acontece é o que deveria ter acontecido desde sempre e a forma como acontece e como deveria acontecer mesmo.
Jamie Bell é o garoto que compra uma arma de brinquedo para dar de presente a um amigo e, ao deicidir ficar com a arma, começa nutrir um carinho pela mesma e descobre que na verdade ela é uma arma de fogo de verdade, não de brinquedo como imaginava.
Ao conhecer outro garoto com o mesmo amor por sua arma, funda o tal do clube dos Dandys, um clube fechado, quase que uma sociedade secreta onde o amor por armas de fogo é o amálgama.
Mais garotos e garotas se juntam ao “clubinho” e, mesmo se dizendo pacifistas, mesmo adorando as armas e as conhecendo a fundo e as desmontado, e as venerando, as coisas vão caminhando pra uma outra percepção de realidade, diferente do que os Dândis esperavam.
Muito tem se falado do novo Harry Potter (que é muito divertido) como sendo um filme sobre a passagem da infância para a idade adulta, onde é mais fácil lutar com um dragão a convidar uma garota para o baile da escola.
Harry Potter é um filme para adolescentes, parece que feito por adolescentes, por ter uma profundidade de um pires. Já Querida Wendy, é um filme que mostra o quanto adolescentes sofrem, se perdem, criam seus mundinhos e quse sempre descobrem que esses mundinhos não servem efetivamente pra muita coisa.
Quando têm que enfrentar a realidade, a vida com os adultos, entrar e funcionar pelas regras da chamada sociedade, descobrem que nada, ou quase nada do que acreditavam funciona de verdade.
A adaptação é algo doloroso e traumático e no mundo do filme de Vinterberg, as coisas são mais difíceis e doloridas ainda.
Saindo de uma bomba que foi Dogma do Amor (o nefasto título em português já previa a bomba), Querida Wendy consegue mostrar o quanto o Vinterberg do ótimo Festa de Família tem fôlego pra fazer filmes geniais, mesmo que com o dedo do doido Lars Von Trier por perto.
Aliás, os dois filmes bons de Vinterberg tiveram o dedo de Trier.
A se pensar muito!
Be happy:
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