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Histórias fílmicas que valham a pena. Fotos insignificantemente indispensáveis.

domingo, janeiro 23, 2005

Dois filmes nos dois últimos dias no cinema.
Doir filmes que não poderiam ser mais diferentes um do outro causando a mesma sensação de desapontamento.
O primeiro foi Elektra, a adaptação da maravilhosa personagem dos quadrinhos criada por Frank Miller.
O segundo, Perto Demais, o incensado filme de Mike Nichols, adaptando uma peça de teatro de sucesso por onde passou, inclusive aqui no Brasil.
Mas vamos começar do começo: Elektra foi a meu ver a pior adaptação de uma personagem de HQ para as telas de cinema. E quando digo isso quero deixar bem claro, antes de mais nada, que o filme é bom, nem é ruim.
Mas parece que só quiseram usar algumas características interessantes da personagem num filme que nada tem q ver com sua origem.
Talvez isso se torne uma nova onda, o que me dá certo medo só de pensar.
O diretor Rob Bowman é bom, fez um filme de dragões interessante e fez um monte de episódios bacanas do Arquivo X , filma bem, sabe contar história, sabe fazer seus atores serem críveis (apesar dos pesares) e teve uma boa escolha de elenco pra esse Elektra.
Mas deixar de lado toda a “mitologia” da guerreira de origem grega malvada não foi sua melhor escolha.
Aqui abro um parêntese me explicando que ao colocar a culpa no diretor sabemos que não é necessariamente ele o responsável pelo que acontece num filme desses, dependendo dos diretores executivos e variados roteiristas que passam pelo processo, mas quem assina é o pobre coitado.
Acho que a escolha do elenco é ótima, Jennifer Garner
já mostrou que é uma puta atriz e que daqui pra frente vai ser reconehcida como uma das grandes atrizes americanas. No filme do Demolidor, quando primeiro apareceu Elektra nos cinema, ela já roubou a cena do insosso Ben Affleck. E o bonitão Goran Visnjic como o perseguido do filme também manda muito bem: ele é um grande ator que surgiu para o mundo no croata Bem Vindos a Sarajevo (olha filme do Michael Winterbottom de novo!!!) e que fica escondido no Plantão Médico e só faz (por enquanto) uns papéis bacanas em filmes independentes como o pouco visto The Deep End. E ainda temos o prazeroso desempenho do sempre bem vindo Terence Stamp , como o cego mentor de Elektra.
O roteiro do filme é bem confuso, muita coisa não fica clara, como por exemplo da onde surge o bando de malvados do filme, ou porque Elektra decide não matar quem ela devia.
E muitas outras coisas estranhas que ficam meio sem sentido no filme.
Pra terminar: é um filme de ação bom com uma personagem principal bacana, ambígua nos sentimentos, ao mesmo tempo que é uma péssima adaptação de uma grande personagem de HQ.
Eu acabei assistindo Elektra na sexta, porque a sessão de Perto deMais já estava lotada. Ia vê-lo de qualquer maneira, mas como estava animado pelo filme de Mike Nichols, depois de ler tanta coisa a respeito, como o grande filme americano da nova safra, o filme que deveria ser copiado pelos diretores e tal, foi meio balde de água fria. No sábado eu fui conferir o tal filme e fiquei mais decepcionado ainda que com Elektra.
O filme é bom, o enredo é bom, bem filmado, os atores estão estupendos, acho que é o primeiro filme da Julia Roberts que eu gosto dela, sua personagem é fantástica e sua atuação é primorosa, na medida certa.
Jude Law , pra variar, está perfeito, pra mim é o melhor ator de sua geração, o que mais agrega valores (lindo, talentoso, versátil).
Mas os destaques do filme são mesmo Clive Owen e Natalie Portman.
Owen ganhou o meu respeito quando fez os filmes da BMW para a internet 3 anos atrás. No curta dirigido pelo mexicano Iñarritu, me deixou ás lágrimas à frente do meu computador numa linda história de amor e dedicação. Ele tem feito vários filmes menores, tem se saído muito bem e sempre se destacado absolutamente, como por exemplo no Gosford Park de Robert Altman. Mas é como o médico fino e grosseiro de Closer que ele finalmente mostra a que veio. Em suas sequências com Portman, principalmente na sequência do puteiro, deixa todo mundo pensando como ele consegue fazer aquilo.
E na mesma sequência, Portman dá um show de interpretação como a stripper mais plausível do cinema (eu sempre imagino a vida de putas/michês/strippers/travestis, das pessoas que lidam com a venda do sexo, a venda do corpo, como seria seu dia a dia). Acho que a personagem de Portman é um grande exemplo dessa aula de antropologia, mostrando que eles têm uma vida normal, que são de carne e osso, mas que também têm alma e o fim do filme mostra “finalmente” o quanto ela sabe fazer o que ela quer com as pessoas que a rodeiam, que talvez por ter essa vida dura, aprenda mais depressa a lidar/manipular quem a cerca (ela é a mais nova dos quatro e a que mais tem a dizer, no fim).
Claro que todas as dicas da sua personagem são dadas ao longo do filme, mas nós não queremos acreditar no que estamos vendo e preferimos acreditar na fantasia que ela cria para si mesma.
O que é ótimo. E eu acho que o grande mérito disso é a direção precisa do veterano Mike Nichols, sabendo exatamente o que quer mostra e dizer e dizendo e mostrando exatamente o que quer que a gente veja na hora certa.
Mas apesar de tudo isso, achei o filme chatinho.
O filme poderia ser menos um filme sobre “d.r.”, discutir relação, e mais sobre… sei lá o quê, na verdade.
É na minha opinião um filme tão chato quento Antes do Pôr do Sol, um filme em que duas personagens ficam conversando o tempo todo, por mais de uma hora e que o que importa, o que eles realmente queriam , está nos últimos 10 minutos de filme. E nem me venha com essa história de criar clima, paciência que é balela. Acho essa a influência negativa do cinema francês sobre os americanos: eles pegam o cinema francês do palavreado, das conversas infindas, mas relevantes e transformam agora nesses anos 2000’s numa desculpa pra enrolar e enrolar e enrolar enredos bestas para mostrar finais às vezes surpreendentes.
Tem que ver, mas sem essa expectativa toda.
Nenhum dos dois.
Pro bem e pro mal
Relaxe.
Be happy:

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Depois de uma longa temporada dentro de uma noite quase sem fim, do meio da tempestada emerge de novo esse blog.
E no meio disso tudo, depois de muitos filmes geniais vistos (principalmente durante a Mostra de São Paulo) como Os Sonhadores e Herói, só pra citar os dois melhores, sempre depois da bonança vem a tempestade ou o contrário.
Ultimamente tenho visto muito filme no cinema, devido a casa nova, a proximidade dos vários cinemas, tenho feito questão de ver tudo que passa por aqui.
E no meio desse turbilhão todo de imagens, dois momentos se destacam pra mim e apontam genialidade no meio da mediocridade toda.
Aqui um parêntese: eu odeio quando flam em mediocridade e explicam na sequência o conceito de mediocridade vindo do médio, do normal. E nesse meu caso aqui, eu tenho que explicar isso de novo, a mediocridade cinematográfica vem dos filmes médios vistos nas últimas semanas, nada demais, a não ser por uma coisa que me impressionou muito que é a computação gráfica do filme Blade Trinity. Sim, já chegamos no momento que não mais identificamos o que é filmado e o que é computação gráfica. E só mais um adendo em relação a esse filme: a trilogia vinha bem com os dois primeiros filmes com dois diretores bacanas, diretores que sabem o que fazem; já nesse terceiro, o roteirista dos outros dois e um roteirista bacana, resolve dirigir e dá no que dá, um filme bem médio, com sequências ridículas, com uma direção de ator perdida, deixando a chata da Parker Posey fazer o que ela quer ocm o personagem dela. Não pode.
Mas voltando à mediocridade: nada se sobressaiu nas últimas semanas mesmo, principalmente se contar que assisti Alexandre, o pior filme do ano fácil, e Oliver Stone, por favor, não me venha reclamar que todo mundo fala mal do seu filme e que daqui uns anos será reconhecido, meu amigo. O filme é um lixo, impressionantemente lixo: o sotaque que a Angelina Jolie inventou pra esse filme (que ela diz ser um inglês grego), por favor, não. Inacreditável como alguém (o diretor) deixa isso. Na verdade eu acho que isso acaba sendo um exemplo concreto do poder que certos atores têm, no caso a dona Angelina, que deve ser tão chata que o cara deve deixar passar pra parar de ouvir ela falando besteira no ouvido dele.
Outro absurdo, e exemplo de oportunismo hollywoodiano tão comum, é A Lenda do Tesouro Perdido, um filme totalmente feito em cima do Código DaVinci, um pesquisador genial que vai de pista em pista descobrindo um tesouro absurdo. Bom, for a toda a baboseira do enredo, do diretor de quinta, temos que aturar o senhor Nicolas Cage dando uma de gênio, fazendo cara de quem teve uma idéia brilhante. Não dá.
(Tá bom, pode me xingar, pode dizer que a culpa é minha, que eu devia ter ficado em casa vendo Big Brother ao invés de ver um filme desses, mas numa quarta feira, cinema barato, eu sozinho, chovendo, vou ver lixo.)
Pra compensar, temos os dois momentos que eu disse lá em cima e que agora vou explicar quais são.
Snao dois momentos com a mesma filosofia em dois filmes que não poderiam ser mais diferentes : Doze Homens e Outro Segredo e Código 46.
Nesses dois filmes, os respectivos diretores, Steven Soderbergh e Michael Winterbottom, mostram porque são dois dos melhores diretores da atualidade, dois dos mais inventivos e originais e geniais diretores em atividade, que nos brindam com filmes brilhantes como Full Frontal de um A Festa Nunca Termina e Neste Mundo de outro.
Em seus dois mais recentes filmes, eles brincam com o ser ou não ser, com o sou ator, mas estou aqui fazendo o papel de mim mesmo atuando nesse filme.
Em Doze Homens E Outro Segredo, Julia Roberts é a esposa de George Clooney e quando ele e seu bando se enrolam no golpe que vão dar, alguém tem a brilhante idéia de chamá-la pra que ela os ajude pelo simples fato de se parecer muito com: Julia Roberts.
Doideira total: Julia Roberts num filme, fazendo o papel de uma mulher que se parece com Julia Roberts e se faz passar pela própria, então, é alguma coisa parecida com o que a Julie Andrews fazia no Vitor ou Victoria : pra ela conseguir o papel numa peça, ela fazia o papel de um homem que era travesti, isso é, que fazia o papel de uma mulher.
Outra piração do “nível” é em Código 46: Tim Robbins e Samantha Morton são duas pessoas que se conhecem por acaso num futuro próximo, em meio a um mundo estranho, cheio de regras e leis estranhas como o tal código 46 do título, mas eles saem juntos e vão a uma boite/karaoke. Quando chegam ouvem uma cantora (eles estão em Xangai) e depois dela, ouvimos um homem cantando Should I Stay Or Should I Go, do The Clash no karaoke. Quando o diretor nos mostra quem está cantando, não é ninguém mais ninguém menos que o senhor Mick Jones, “O” cara do Clash, sentadinho, no meio do nada, cantando a sua música.
Esse tipo de “piada interna” me enche de alegria, me faz pensar que sim, existem gênios ainda por aí e que sim, esses caras são bem humorados e não são os caras que deixam as Angelinas da vida inventarem sotaques que só elas entendem nos filmes.
Isso me deixa um pouco mais feliz, mais com vontade de ir ao cinema, mais com vontade de assistir filmes e mais com vontade de escrever.
Be happy:

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