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Histórias fílmicas que valham a pena. Fotos insignificantemente indispensáveis.

quinta-feira, novembro 24, 2005


Um filme nacional.
Na verdade, O filme nacional: “Cinema, Aspirinas e Urubus”, do grande Marcelo Gomes.
Bom, como eu não sou crítico de cinema e só escrevo aqui porque gosto mesmo, não tenho acesso a detalhes de produção, aos press releases. Mas fico sabendo de coisas lendo os jornais, lendo na net e com conversas com amigos.
O que eu fiquei sabendo é que essa maravilha de filme demorou quase 6 anos pra ser feito!
Enquanto isso, no Rio, são feitas bostas e bostas em película aos borbotões!
Mas “Cinema, Aspirinas e Urubus”é, ao lado de Cidade de Deus, sem a menor sombra de dúvida o melhor filme feito no Brasil nos últimos 20 anos. Talvez 30 anos!
Li na folha no domingo, o diretor Marcelo Gomes escrevendo uma resenhazinha sobre o filme (citado por mim no texto do Flores Partidas) “O Gosto de Cereja” do mestre Kiarostami. E como eu disse lá embaixo, esse filme pra mim é o marco do cinema lento/iraniano, o grande filme dessa leva.
Diz Marcelo que se encontrou com Abbas em Cannes esse ano e o mestre disse a ele que tinha vista “Cinema, Aspirinas e Urubus” e que este tinha o mesmo problema dos filmes do iraniano, nada acontecia. O brasileiro diz que esse foi o melhor elogio que ele poderia ter recebido de alguém, ainda mais do grande Abbas.
E é a mais pura verdade: na demais acontece nesse filme, a não ser uma linda história de amizade que ultrapassa as barreiras e os limites que vai encontrando pela frente.
O filme começa bem, se desenvolve lindamente e termina de uma forma magnífica.
E tudo no filme é de extremo bom gosto: a fotografia que já virou referência, a direção de arte crua, realista e ao mesmo tempo super elaborada, a trilha pertinente que funciona muito bem e que sabe onde e quando se calar, a direção precisa, principalmente com o elenco de apoio de não atores (a sequência com as prostitutas é uma aula de acting!).
Agora, o grande trunfo do filme é, sem dúvida, o par de atores principais: Peter Ketnath e João Miguel.
O alemão Ketnath faz um alemão que no início dos anos 40’s roda com um caminhão pelo interior do nordeste divulgando e vendendo a Aspirina. Ele pára pelos vilarejos, arma um cirquinho na praça, projeta uns filmes mostrando paisagens brasileiras e vendendo seu peixe.
Numa dessas paradas conhece um “local”, interpretado com maestria pelo baiano João Miguel, que se oferece para ser seu assistente.
A partir daí, os dois se embrenham mais ainda pelo sertão, pelo pó, pelo calor, pelo árido e seco, onde a amizade dos dois, de duas das mais distintas pessoas que poderriam se encontrar nessa paisagem inóspita, poderia crescer e dar frutos.
Um filme que não acontece nada e um filme que você não espera que muito aconteça. Mas também um filme que não precisa de muito pra te deixar feliz e satisfeito, no meu ponto de vista, a intenção primordial e final de todo e qualquer filme: deixar o espectador feliz e satisfeito por tê-lo visto. E não digo feliz no sentido de lição de moral, ou história prazerosa, digo no sentido da felicidade por ter visto o filme mesmo, da satisfação de ter gasto o dinheiro do ingresso.
Be happy:
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