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Histórias fílmicas que valham a pena. Fotos insignificantemente indispensáveis.

sábado, fevereiro 19, 2005

Já me disseram que deve-se sempre duvidar ou não levar tanto em consideração críticas escritas no calor do momento, para o bem ou para o mal.
E já vou deixando claro que esse texto aqui foi está sendo escrito no calor do momento.
De propósito.
Saí do cinema e corri pra casa pra fazê-lo.
Menina De Ouro, o mais recente filme de Clint Eastwood é um colírio, uma delícia de um filme no meio da lixarada que tenho visto ultimamente.
(Primeiro parêntese: uma vez aprendi que não se deve dizer “o último filme de Clint Eastwood” a respeito de seu mais recente filme, afinal, ele ainda não morreu, então esse provavelmente não é seu último filme, se os deuses do cinema assim permitirem).
Eu na verdade nem sei por onde começar a falar do filme, tudo é muito bom.
Na verdade, vou começar falando do que eu não gostei do filme, que são duas coisas.
Uma delas é a trilha, achei fraca e talvez um pouco impertinente.
O gênio Hitchcock já disse que mais importante que saber fazer uma música boa e saber colocá-la no lugar certo em um filme, mais importante mesmo é saber onde não colocar a música.
E na minha modesta opinião, nesse filme, além da música não ser assim tão boa, em vários momentos ela incomoda e nem pela sua qualidade, mas por não precisar estar lá.
E outro problema a meu ver é a locução off durante o filme todo do negão contando a história do filme. Tudo bem que se justifica no final e foi um recurso usado para poder explicar o que acontece no fim, mas eu acho que acabou sendo um luxo do roteirista do filme que é um dos produtores, diga-se de passagem. E eu acho um pecado mesmo ter essa coisa do voice over depois da prova cabal que é Blade Runner, a versão do diretor sem a locução é um milhão de vezes melhor que a versão original. Depois disso, quem faz o voice over, mesmo com todas as desculpas possíveis, tem que levar um puxão de orelha (e digo isso mesmo pra outro filme que tanto amo e que já comentei aqui antes que é Code 46, que aliás tem o mesmo propósito desse filme, então, chega mesmo porque já está ficando óbvio demais).
For a esses dois “pecadilhos”, o filme é um primor.
Começando pela luz do filme: Tom Stern é o cara a se idolatrar. Pelo que pude saber, é um fotógrafo novo, fez o filme anterior do Clint e mais uns outro dois e só. Antes tinha sido eletricista chefe, assistente de câmera. Mas o seu claro-escuro em “Menina…” é um primor, uma obra de arte. Imagino quais teriam sido suas referências e como ele deve ter pesquisado para chegar naquele jogo de sombras que permeia todo o filme. Muita meia luz, muita luz só nos olhos, muito contr-luz nos momentos mais importantes do filme. Ousado, pra definir em uma única palavra.
A direção de atores do filme é outro ponto chave: os sotaques, os não exageros onde “deveriam” haver, os closes, Hilary Swank que deveria ganhar todos os prêmios de interpretação do ano facilmente, masculina e feminina, Morgan Freeman dando aula de como se portar de maneira tão glamurosa (verdade!!!!) sendo um faxineiro de uma academia de boxe de quinta e o grande Clint sendo um cara que a gente nunca viu antes. Verdade, ele me surpreendeu de uma forma singular, não consegui encontrar em seu personagem nada do que já tenha visto dele antes e com certeza é isso o que separa do “resto” dos fodões do cinema americano.
Isso e seu poder, seu dom magnífico de dirigir, de criar clima, de saber onde colocar a câmera, de saber conseguir que seus atores façam exatamente o que ele quer e de finalmente fazer com que seus filmes sejam únicos, sejam um deleite para seus espectadores e um colírio (de novo) para seus fãs (sim soou seu fã de carteirinha).
E como disse o maleta do Spielberg em algum lugar, é uma bênção ver que um cara como o Clint, “o” Clint, com seus 70 e tantos anos, venha fazendo filmes cada vez melhores com o passar do tempo.
Bom pra nós que vemos esses filmes.
E esperamos pelo próximo.
Be happy:
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