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Histórias fílmicas que valham a pena. Fotos insignificantemente indispensáveis.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

E a maré ruim de filmes continua.
Agora com um filme que prometia bastante, a crítica falando bem, os “antenados” curtindo, arrebatando prêmios em festivais internacionais e tudo.
Mas quando fui ver, quase chorei.
O filme é o chileno Machuca, dirigido pelo mala Andres Wood.
Inacreditavelmente ganhou prêmio em Cannes. Se bem que nem tão inacreditavelmente assim, já que o prêmio que ganhou foi o mesmo que a bomba Diários de Motocicleta ganhou ano passado.
Eu tô acahando que essa “onda latina” já tá saindo de controle, porque o povo vê qualquer filminho que venha daqui de baixo e acha genial, principalmente os velhos e bons filmes mostrando miséria e golpe militar.
Ai que preguiça!
Machuca é a história de um moleque, em 1973, ano do golpe no Chile, um moleque burguesinho, gordinho, chato, que estuda num colégio católico burguês, com uns padres gringos meio malucões que pegam as crianças que moram na periferia e não têm onde estudar e levam pro tal colégio.
O gordinho fica amigo do Machuca do título, um molequinho que é seu oposto, esperto, moreninho (o pentelho é ruivo; gordinho e ruivo, maior estereótipo judeu burguesinho impossível), pobre, o pai é bêbado, a mãe cuida dele e de mais um bebê sozinha,moram numa favela e ainda por cima o moleque trabalha vendendo bandeirinhas em passeatas, nas pró e nas contra o governo, o que interessa é ganhar dinheiro.
Bom, o filme até aí já tem de tudo, golpe militar, passeatas, pobres tentando se virar no meio disso tudo, a classe média/alta nem ligando pra o que tá acontecendo ao seu redor, o típico filme/novela latino pra gringo ver.
E se não bastasse todos esse clichês,o o elenco sofre nas mãos do diretor: a direção de atores é sofrível. Acho que os dois únicos personagens que se salvam são o pai do menino Machuca e a amiga dele, que mora na favela com ele e que também vende as bandeirinhas nas passeatas, que faz o papel da miserável revoltada, que briga com as mulheres burguesas e é a “responsável” pelo toque de “desabrochar sexual” do filme, dando beijos de língua nos dois meninos enquanto eles comem leite condensado no meio do lixão (nada mais cinema marginal/anos 70 que essas sequências; o Sganzerla deve estar se batendo no inferno).
O filme, sendo bem sincero, é uma tentativa de ser uma mistura de Sociedade dos Poetas Mortos e o grande, genial Adeus, Meninos.
Só que uma mistura que não dá muito certo, porque as referências são tão óbvias, o diretor meio que copia sequências inteiras desses filmes, que na verdade nos deixa com saudades dos originais.
E o pior é que a gente vai vendo o filme e adivinhando tudo o que vai acontecer.
O que me parece, na verdade, é que o diretor passou por tudo isso (ele tem declarado por aí que o filme tem toques autobiográficos). Ele com certeza era o burguesinho que teve o amigo pobre na escola e hooje ele deve se arrepender, se remoer e se giletar por não ter feito nada pelo amigo na época.
A melhor sequência do filme pra mim é quando os meninos chegam na favela, na casa de Machuca e encontram seu pai batendo na mãe que segura um nenê no colo porque ele, o pai, bêbado, quer dinheiro pra beber mais ainda.
Ele vê o ruivinho bem vestido com o filho e a amiga e quer saber quem é. Logo diz pro filho não ficar muito amimgo dele porque daqui um tempo, ele vai estar cuidando da empresa do pai e ele, o pobre, vai estar no máximo lavando o banheiro da empresa dele.
E sai.
Eu, na minha modesta opinião de cinéfilo inveterado e descobridor de bandeiras e afins, acho que isso ou alguma coisa muito parecida deve ter acontecido com o diretor quando era pequeno, ele era o gordinho mala e o pai bêbado/estranho do seu amigo pobre deve ter dito isso pro filho e, eureka, deve ter acontecido na vida real.
Eles devem ter se separado, nunca mais se viram, ele deve ter esquecido o nome do amigo e “ viveu com essa culpa, esse peso a vida inteira” ( nas aspas, leia-se com uma ponta de sarcasmo).
O fim da história é que ele é chato mesmo, recalcado e me pareceu que fez esse filme pra expiar seus pecados (deve se sentir tão culpado que deve sentir que o que fez, ou o que não fez, ou o pelo que passou , pecados, daí passíveis de expiação).
Chato é a palavra que melhor define esse filme.
Chato mesmo.
Fuja.
Be happy:
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