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Histórias fílmicas que valham a pena. Fotos insignificantemente indispensáveis.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Depois de uma longa temporada dentro de uma noite quase sem fim, do meio da tempestada emerge de novo esse blog.
E no meio disso tudo, depois de muitos filmes geniais vistos (principalmente durante a Mostra de São Paulo) como Os Sonhadores e Herói, só pra citar os dois melhores, sempre depois da bonança vem a tempestade ou o contrário.
Ultimamente tenho visto muito filme no cinema, devido a casa nova, a proximidade dos vários cinemas, tenho feito questão de ver tudo que passa por aqui.
E no meio desse turbilhão todo de imagens, dois momentos se destacam pra mim e apontam genialidade no meio da mediocridade toda.
Aqui um parêntese: eu odeio quando flam em mediocridade e explicam na sequência o conceito de mediocridade vindo do médio, do normal. E nesse meu caso aqui, eu tenho que explicar isso de novo, a mediocridade cinematográfica vem dos filmes médios vistos nas últimas semanas, nada demais, a não ser por uma coisa que me impressionou muito que é a computação gráfica do filme Blade Trinity. Sim, já chegamos no momento que não mais identificamos o que é filmado e o que é computação gráfica. E só mais um adendo em relação a esse filme: a trilogia vinha bem com os dois primeiros filmes com dois diretores bacanas, diretores que sabem o que fazem; já nesse terceiro, o roteirista dos outros dois e um roteirista bacana, resolve dirigir e dá no que dá, um filme bem médio, com sequências ridículas, com uma direção de ator perdida, deixando a chata da Parker Posey fazer o que ela quer ocm o personagem dela. Não pode.
Mas voltando à mediocridade: nada se sobressaiu nas últimas semanas mesmo, principalmente se contar que assisti Alexandre, o pior filme do ano fácil, e Oliver Stone, por favor, não me venha reclamar que todo mundo fala mal do seu filme e que daqui uns anos será reconhecido, meu amigo. O filme é um lixo, impressionantemente lixo: o sotaque que a Angelina Jolie inventou pra esse filme (que ela diz ser um inglês grego), por favor, não. Inacreditável como alguém (o diretor) deixa isso. Na verdade eu acho que isso acaba sendo um exemplo concreto do poder que certos atores têm, no caso a dona Angelina, que deve ser tão chata que o cara deve deixar passar pra parar de ouvir ela falando besteira no ouvido dele.
Outro absurdo, e exemplo de oportunismo hollywoodiano tão comum, é A Lenda do Tesouro Perdido, um filme totalmente feito em cima do Código DaVinci, um pesquisador genial que vai de pista em pista descobrindo um tesouro absurdo. Bom, for a toda a baboseira do enredo, do diretor de quinta, temos que aturar o senhor Nicolas Cage dando uma de gênio, fazendo cara de quem teve uma idéia brilhante. Não dá.
(Tá bom, pode me xingar, pode dizer que a culpa é minha, que eu devia ter ficado em casa vendo Big Brother ao invés de ver um filme desses, mas numa quarta feira, cinema barato, eu sozinho, chovendo, vou ver lixo.)
Pra compensar, temos os dois momentos que eu disse lá em cima e que agora vou explicar quais são.
Snao dois momentos com a mesma filosofia em dois filmes que não poderiam ser mais diferentes : Doze Homens e Outro Segredo e Código 46.
Nesses dois filmes, os respectivos diretores, Steven Soderbergh e Michael Winterbottom, mostram porque são dois dos melhores diretores da atualidade, dois dos mais inventivos e originais e geniais diretores em atividade, que nos brindam com filmes brilhantes como Full Frontal de um A Festa Nunca Termina e Neste Mundo de outro.
Em seus dois mais recentes filmes, eles brincam com o ser ou não ser, com o sou ator, mas estou aqui fazendo o papel de mim mesmo atuando nesse filme.
Em Doze Homens E Outro Segredo, Julia Roberts é a esposa de George Clooney e quando ele e seu bando se enrolam no golpe que vão dar, alguém tem a brilhante idéia de chamá-la pra que ela os ajude pelo simples fato de se parecer muito com: Julia Roberts.
Doideira total: Julia Roberts num filme, fazendo o papel de uma mulher que se parece com Julia Roberts e se faz passar pela própria, então, é alguma coisa parecida com o que a Julie Andrews fazia no Vitor ou Victoria : pra ela conseguir o papel numa peça, ela fazia o papel de um homem que era travesti, isso é, que fazia o papel de uma mulher.
Outra piração do “nível” é em Código 46: Tim Robbins e Samantha Morton são duas pessoas que se conhecem por acaso num futuro próximo, em meio a um mundo estranho, cheio de regras e leis estranhas como o tal código 46 do título, mas eles saem juntos e vão a uma boite/karaoke. Quando chegam ouvem uma cantora (eles estão em Xangai) e depois dela, ouvimos um homem cantando Should I Stay Or Should I Go, do The Clash no karaoke. Quando o diretor nos mostra quem está cantando, não é ninguém mais ninguém menos que o senhor Mick Jones, “O” cara do Clash, sentadinho, no meio do nada, cantando a sua música.
Esse tipo de “piada interna” me enche de alegria, me faz pensar que sim, existem gênios ainda por aí e que sim, esses caras são bem humorados e não são os caras que deixam as Angelinas da vida inventarem sotaques que só elas entendem nos filmes.
Isso me deixa um pouco mais feliz, mais com vontade de ir ao cinema, mais com vontade de assistir filmes e mais com vontade de escrever.
Be happy:
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